quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Gente como a gente

A ciência está descobrindo que os animais têm capacidades mentais espantosas. Eles são muito mais parecidos conosco do que gostaríamos de admitir.

por Tiago Cordeiro - blog da Superinteressante - link com a matéria

“Por fim, Deus disse: ‘Façamos o homem à nossa imagem e semelhança. Domine ele os peixes do mar, as aves do céu, os animais domésticos, todos os animais selvagens e os répteis que rastejam sobre a terra’.” Está na Bíblia e faz parte da cultura ocidental. Há séculos estamos acostumados a pensar em nós mesmos como seres superiores, criados de acordo com um padrão divino. Animais eram os outros, nós nunca. No século 19, Charles Darwin e a genética nos ensinaram que não é bem assim. O naturalista britânico causa polêmica até hoje com a idéia de que somos apenas o resultado da evolução de outros bichos. Ele é amparado pelas análises de DNA. O código genético humano é tão parecido com o do chimpanzé, que uma equipe de cientistas americanos defende que esses macacos deveriam ser incluídos no gênero homo. Agora a ciência está derrubando, com uma velocidade espantosa, o último refúgio onde ainda nos sentíamos seguros: a mente. Estamos descobrindo que, em termos de inteligência, cognição e psicologia, não somos tão especiais.

Os bichos não são assim tão diferentes de nós. Sabemos agora que os peixes, as aves, os animais domésticos, todos os animais selvagens e os répteis que rastejam sobre a terra têm memória, personalidade e linguagem. As formas de comunicação dos golfinhos são tão desenvolvidas, que se suspeita que eles tenham nome próprio – e, por definição, um ser capaz de dar nome a si e a seus semelhantes tem noção de identidade. Os golfinhos também mantêm tradições culturais, desenvolvidas em sociedade e transmitidas através das gerações. Os polvos desenvolvem a atividade repetitiva, e aparentemente inútil, usada por animais de grande inteligência para explorar o mundo e refinar suas habilidades motoras, que nós chamamos de brincar.

( legenda da imagem: macaco pensador link )
Os primatas dominam um senso rústico de justiça e sentem ciúmes quando acham que não foram recompensados como deveriam. Também percebem quando outro bicho precisa de ajuda. Mais: um macaco tem consciência de existir. Diante de um espelho, ele percebe que aquela imagem que ele vê não é um outro bicho, mas seu próprio rosto. Um bicho que se reconhece como ser individual e entende que o outro precisa de ajuda não só tem psicologia própria, como está a um passo de entender a psicologia dos outros. O que significa que é provável que os macacos tenham empatia, a capacidade de se colocar no lugar do outro indivíduo e imaginar o que ele está pensando. Para isso, é preciso elaborar a chamada teoria da mente, algo que nós sempre consideramos uma capacidade exclusiva nossa.



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